um certo raminho azul cor do céu
gentil passarinho...
desculpa-me... não havia visto. pousaste nas janelas abertas de mim e nada sinto. eu nada sinto...! e ando eu a sentir tantas dores... em cores todas que misturo-as eu. e aglutino todas para dentro de mim... e finda em tom preto. e vejo-me à mim mesma... nos espelhos d'água dos olhos meus... face minha em cores todas aglutinadas... e tudo é noite. disseste-me tu quase oito dias de viagem a chegar até aqui... gentil passarinho, ao pé de minhas janelas abertas. e trouxeste-me um raminho azul do céu. um raminho leve... aglutinação de passarinhos. e ando eu meio assim... e visito o ninho meu, hei de acostumar-me. ninho vazio o meu, gentil passarinho... e cortei as asas dos pensamentos meus... todas! e tão triste estou... eu nem quero mais voar. hei de guardar o raminho que trouxeste-me tu... assim... preso às trancas das janelas abertas de mim. para que mantenham-se elas sempre abertas... acaso pense eu em fechá-las... na dor de negar-me ao sol de mim. e haverá de exalar o perfume da saudade que trouxeste-me... e inundar-me-á nas noites de mim. e o olor há de alcançar as barbas longas do meu sol interior... colo morno de meu Deus... e retornará a luz. a mesma luz que um dia se foi de mim... num tempo perto dos teus quase oito dias de viagem... na entrega tua à mim... do raminho que trouxeste-me, da aglutinação de passarinhos teus... leve. raminho meu... azul cor do céu... da cor da aglutinação de passarinhos, de olor da saudade cortante, de tantas pessoas e de tantos instantes... preenche a minh'alma do amor que exala de ti. luz aos olhos meus. cores à minha face. e acorda... o meu Deus que dorme. karla mello 19 de abril de 2014
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 20/04/2014
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