Dualidade
e sentia-se ela desgraçada e enferma.
pela vida... por onde os seus passos trôpegos conduziram-na. da maternidade... sabe muito ela falar. mas não sabe ela falar sobre o quotidiano caos. está ela sempre à beira do cais... envolta em seu caos "multicores". pinta-o ela mesma... nos dias em que pouco chove. e lá está ela! com lencinho branco nas mãos... à beira do cais... à esperar sempre. nunca disse-me ela o que espera tanto assim... por tanto tempo assim. de vez em quando passo por ela... hoje. gosto de acompanhar a fumaça do seu cigarro. nela... os seus pensamentos tomam formas à mim. não sei dizer se alguém mais as percebe... as formas! mas... na maioria das vezes... tomam a forma da saudade... de um tempo que ela sopra... tal poeira. mas que não cansa a mesma fumaça... de informá-la que mata-a... à cada dia um pouco... e que o tempo não voltará ao cais. disse-me ela que não está nem aí! mas ainda persiste ela a esperar. envolta em seu caos... sentada à beira do cais. vislumbro-a sempre ao longe. sofre ela elegantemente. e traz sempre consigo um sorriso... nada cínico. um sorriso que desafia a vida e a morte. um sorriso que percebo eu estar sempre a indagar: - e então, vida... o que temos para hoje? despedi-me dela... hoje. esvaiu-se na fumaça. eu? ... dei um trago num resto de tinta que havia em minhas mãos. e soltei beijos coloridos no ar... todos à ela! de certo... voltaremos a nos ver em breve. ela, quase adulta... com a sua fumaça que tem formas de saudade. eu, tão criança e só... com os meus beijos coloridos no ar. ela... vestida para o açoite. eu... pertinho do perdão. Karla Mello 26 de Março de 2014
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 26/03/2014
Alterado em 27/03/2014 Copyright © 2014. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |