Sinto saudades, meu irmãozinho da alma irmãzinha da minha...
Dos nossos sorrisos à toa...
Quase inocentes e encharcados de sonhos... todos bons!
Das nossas brincadeiras nos quintais da nossa casa...
Tínhamos tantos quintais!
De todas as cores e estações!
Bastava que fôssemos à sacolinha presa às paredes da nossa alma única...
E escolhêssemos entre o sol... para fazermos aquele nosso piquenique de "amanhã"...
Ou a chuva... onde pudéssemos dançar de mãos dadas e tomar banho na biqueira das lágrimas nossas...
Sinto saudades... Sinto saudades...
Das risadas que arrancávamos um do outro nos momentos mais difíceis.
Tínhamos nós uma espécie de "varinha mágica"!
Feita com os galhos secos dos nossos outonos...
E quando a tirávamos dos nossos bolsinhos?!
Riamos muito de tudo! Ríamos da barriga doer!
Não lembro-me onde eu coloquei a minha...
E creio que não sabes tu nem onde puseste a tua.
O fato é que sinto saudades e trago sempre malas prontas.
Ando meio cansada de não sorrir contigo... nem chorar... nem nada.
Ando cansada do nada de nós.
E eu só sei viver de sorrisos! E choros! E tudo!
Chorar os meus choros também me fazem sorrir... no depois...!
Hoje estamos "velhinhos emburrados" e tenho medo!
Tenho medo de não mais encontrarmos aquelas nossas "varinhas"!
A "mágica"! A de arrancar risadas espontâneas! As que vêm do estômago!
Não lembras? ... Não...?
Ah... Dá um sorriso para mim e enfeita a minha alma que anda cansada o nada...
Nem sabemos mais chorar juntos! Daquele choro que a gente ria depois...
Era mesmo bom... Sinto muitas saudades!
Mas olha! ... Presta atenção!
Vou colocar-te uma venda nos olhos, alma criancinha e irmãzinha da minha!
E vou contar até 31! ...
E vou esconder um sorriso especial dentre os arbustos de nós!
Daqueles sorrisos, menininho! Que eu sei dar apenas a ti!
E vais sair a procurares! Mas não demores! Estou cansada!
E quando o encontrares... costura-o no teu estômago!
Sorrisos só são bons costurados no estômago! Eles têm que vir de lá!
E depois... trazei-o para a tua face linda...!
E ele reverberá... e iluminará o meu!
Tenho certeza que assim...!
E logo, logo... encontraremos as nossas "varinhas" dos galhos dos nossos outonos...
Aquelas... que nos fazem rir do instante ou no depois...
Aquelas que nos ensinam que um sorriso espontâneo é um "abridor de portas"!
E voltaremos a dançar na "chuva"! Ou no Sol e o piquenique!
Cada um com a sua varinha...!
Aquela... que nos ensina que tudo é muito breve...
Que nos ensina que não somos nada... e podemos ser tudo!
Mas que tudo... é sempre muito breve.

Karla Mello
14 de Junho de 2013

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