Karla Mello

Amar pode ser poço... Amar nunca será vão.

.. Escreve a Florbela Espanca .. "Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou"
Textos

Eram Poentes... Ora, Muros!
E ela debruçou-se à janela...
E procurou um fio condutor no céu cinzento...
Que a levasse à algum lugar familiar.
Não encontrou... Disse-me ela que anda a procurá-lo todos os dias!
E que cada dia, tem o seu cunho de pesar...
E que cada dia, tem um punhado de areia...
Para em seu "túmulo" estarem a jogar. Esquecida e só.
Sim... ela encontra-se meio "morta"... das histórias suas antigas.
Estão a fazer uma reforma em algumas "pontes" antigas...
Pontes onde ela atravessou... quase feliz...
Ora colheu... ora jogou flores... e plantou alguns botões de amores.
E praguejou também!
Estão a transformá-las... As pontes! ... Em grandes muros!
Passam “tratores” e escavadeiras” e estão a derrubar tudo!
Ela percebeu isso há algum tempo... Mas, tola...
Pensava ela que as flores que ela jogou... quase feliz...
Delas, não contavam-se os espinhos todos.
Ela não costuma ela perder o seu tempo a contar os espinhos das flores-amores...
Ela prefere mirar as flores... Disse-me que nascem delas as borboletas breves!
E guarda ela as pétalas de todo o fim... em seu livrinho... carinhosamente.
Mas há quem prefira contar os espinhos todos...
E, quanto à isso... não pode ela fazer muito.
Então ela resolveu passar a página... e fechar mesmo o livrinho!
E o muro? ... Ela não ajuda-os a erguê-lo... De jeito nenhum!
Mas também não o transpõe... e nem faz "birra" com ele.
Ela disse-me que limita-se a encostar-se nele apenas...
E lamenta tudo... neste muro erguido do hoje...
Das suas lamentações todas!

Ao terminar de contar-me este conto... pegou ela o seu pulsar! ... E saiu a correr, tal criancinha... atrás da sua borboleta azul!
Não sei do que ela corria, na verdade...
Não sei.

Karla Mello
19 de Maio de 2013
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 19/05/2013
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