Karla Mello

Amar pode ser poço... Amar nunca será vão.

.. Escreve a Florbela Espanca .. "Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou"
Textos

Visita Inesperada...
Poderia eu ter amado mais
Perdoado mais
Relevado mais
Agradecido mais e reclamado menos.
Conversado mais
Sobre sentimentos que aflingiram-me.
Silenciado mais
Nos momentos do julgo alheio.
Poderia eu ter aproveitado mais
Os poucos raios de sol
Do outono lá fora
Do outono de mim.
Poderia eu ter sentido as flores
Ainda mais, na Primavera!
E resignar-me
Com projetos que não foram possíveis.
Eram projetos de Amores
Encharcados de saudades...
Está tudo molhado!
Guardo-os, mesmo assim.
O sol tem sido pouco.
Não há muito como secá-los...
Ainda molham-se, de quando em vez.
Lágrimas minhas... lágrimas nossas...

Ontem encontrei-me com a esperança...
Ela veio cantar em minha casa
E trazer-me um recadinho de Deus:
Que guarde eu todos os projetos meus
Mesmo encharcados... todos molhados.
E que ela, a esperança verdinha
Estará a saltitar
E trazer brilho aos olhos meus
Que andam cansados
De esperar... de esperar...

É no teu abraço, porto seguro meu
Meu amor...
Onde ancoro todas as dores
Onde guardo os projetos meus, todos molhados...
E molho a tua alma aquecida e limpinha.
E nem te importas...
Apenas me abraças.
E me dizes sempre...
Que vai ficar tudo bem.
E eu sei que vai.
Pois nos teus braços, meu amorzinho...
Seguro a esperança verdinha
E ela canta a nós.
E não nos falta mais nada.
E é bem verdade...
Terei mais trezentos e sessenta e cinco dias - com sorte...
Para amar mais
Perdoar mais
Relevar mais.
Existir mais!
E silenciar ao que não entendo eu.
E tu, meu amorzinho...
Enfeitarás, ainda mais!
A minha vida e os meus cabelos...
Com as flores da próxima Primavera!
E nos banharemos juntos
Nos raios de sol... todos eles!
E sairemos por ai... de mãos dadas:
Eu, tu e a nossa esperança verdinha.
- Canta, esperança...
Canta para nós.

E eu seguro-a com tanta confiança e compaixão, que poderia eu até tirar-lhe a vida. Tão sem querer... De um sufocamento dela.
De uma compaixão nossa. De um sufocamento nosso.
Ambas aflitas.

Karla Mello
29 de Dezembro de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 29/12/2012
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