A Morte é um Homem Insolente!
Fecho-os os teus olhos por trás.
E não conheço-te e nem sei o teu nome... Vendo-te os olhos teus! Beijo-te a boca desconhecida! Gôsto da morte minha e de palavras "sujas"! Desces tu as mãos trêmulas em minhas coxas E rio-me de ti - pobrezinho... Homens - morte trazem sempre as mãos trêmulas! E hoje, nada sou! E nem quero-a ser! E quero desrespeitar-me inteira! Nem quero que tu respeite-me! Trata-me mal e puxa-me os cabelos! Rasga-me o vestido que uso... carmim e a boca! Pois que eu já sabia que encontrar-te-ia! Nos bêcos, nas esquinas, nas quinas escuras de mim. Dancemos nós o último tango! O meu nome? Hoje não tenho nome a ti. Dá-me o que quiseres e olhas para mim! Sou uma qualquer com perfume barato! Boca carnuda e vestes de seda pura E sou nada pura... hoje! Rosa no cabelo e muita maquiagem! Escondo-me nela e não quero ser eu ninguém! Quero que me arranques do chão que mal piso eu! Quero que me arranques de mim e o todo o meu ar! E traguemos a bebida mesma e o mesmo cigarro. E o mesmo inferno nosso... a alma lama nossa! E brindemos depois à desgraça que é a vida! Os bêcos solitários de cada um de nós! Beija-me a bôca, morte insolente! Eu te quero como nunca quis a nada... E eu te desejo dentro de mim! E silenciarei "imunda" alma nos braços teus! E não necessitarei ceder nenhum sorriso... nem lágrimas... nem nada. E brindaremos, enfim, a minha pouca paz. E estarei linear... e lúcida, enfim. Karla Mello 27 de Novembro de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 27/11/2012
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |