Um dia depois...
Hoje vesti as pétalas da Dama da Noite.
Fechei as outras flores todas e o pouco dom. Espantei os passarinhos gentis… estou sem tom. Estou sem ar… estou sem mim. Guardei as tintas todas da aquarela menina. Joguei água! Empalideci eu junto à elas todas. O branco resolveu ficar, se verbo conjugado ao preto. E cinza é o verbo de hoje, dor da noite minha. Hoje chorei as minhas lágrimas lacerantes. E sentí o alívio possível do dia em que sucede a minha morte. E quase pude ver os passantes meus a sorrirem loucos! Todos! E pude eu voar sem pingar versos meus e nem sonhos bons. E senti tola eu, a dor do mundo repugnante… Único verso que encontrei a fazer rima comigo. Hoje sentí-me extremamente só. E calei a pouca voz que canta louvores. E calei os meus versos e todas as dores. E calei. Suspensa no ar. Hoje eu não quero viver e sou eu o vácuo! Do dia depois do dia, do meu cansaço. E trago na mão um lenço branco – pétala flor da Dama da Noite. E quero mesmo estar esquecida! E quero muito mal estar lembrada! E quero mesmo sentir-me uma morta! Hoje vestí as pétalas da Dama da Noite. E fecho-me ao mundo meu… recolho-me! Ao vácuo escuro ser- Eu! Até a próxima pálida noite cálida… E, talvez, florescer… florescer. Karla Mello 06 de Novembro de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 06/11/2012
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