Karla Mello

Amar pode ser poço... Amar nunca será vão.

.. Escreve a Florbela Espanca .. "Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou"
Textos

tenha-os para hoje...
não guardes os teus beijos à mim,
para lamentá-los num dia como hoje!
dá-mo todos os beijos, todos sem fim!
enquanto posso sentí-los e guardá-los todos em mim!
não guardes a tua flor à mim,
para jogá-la, um dia, onde nem mais estou.
dá-me todas as flores que encontrares!
brancas, amarelinhas, miudinhas do campo, carmim!
não guardes o teu amor à sentí-lo depois do "fim".
a sentí-lo inteiro em minha campa. eu não mais precisarei.
dá-mo todo o amor que houver nessa vida e nas tantas vidas!
não guardes o teu abraço, colo aquecido e terno,
para deitar-te sobre o meu corpo sem vida e em paz, enfim.
abraça-me e aperta-me como se pudesses entrar dentro de mim!
não desperdices o perdão que podes me ofertar,
para dar-mo no último instante, fria mármore branca!
pois todos os meus perdões humildemente pedidos,
já estarão todos perdoados.
luz! dá-me um fio da tua luz e vida hoje!
dispensarei eu todas as velas acesas num dia como hoje à morta!
ademais, há muita luz donde todos nós caminharemos.
tudo já foi justificado em cristo. não necessitarei.
e se houver alguns pedidos a fazeres, faça-os hoje!
sou pecadora demais para atendê-los do "outro lado".
é bem capaz de eu poder ouví-los todos...
e chorarei por nada poder fazer por nós.
e se quiseres praguejar-me, pragueja-me hoje também!
não "cuspas" nos restos meus, já tão cansados depois.
num dia, num dia como hoje ou em qualquer outro dia,
pões rosas vermelhas nos meus cabelos mortos...
alfazema cheirosa a embalar-me a minha "casa" corpo que ocupei.
rosa vermelha, uma apenas nas mãos. e uma cruz...
mas sem o cristo crucificado.
não é por nada. é mesmo coisa minha.
e não quero as ladainhas e apenas o pai nosso.
a oração de francisco de assis,
a bandeira do meu pernambuco,
e não cantem aquelas toadas, por favor...
gosto de música clássia para elevar-me a alma depressinha.

não guardes nada ao acaso do amanhã.
ama-me inteira! odeia-me inteira!
perdoa-me ou não!
no depois, tudo será a paz infinita...
a paz única à mim, a derradeira.

Karla Mello
02 de Novembro de 2012



Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 02/11/2012
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras