Da "caixa"...
E uma amiga Poeta me aconselhou
Para por eu uma armadura Em meu coração… Proteção... Como posso eu, então Brincar de ser Poeta Se blindar eu a caixa dos versos A caixa das dores… dos amores… Dos que foram, dos que nunca foram Ou foram apenas à mim? E não é da dor… qualquer uma dor… Que brotam os versos? Essa caixa que não cabe a razão. Cabe a desventura, a embriagez e todas as tempestades. Cabe a solidão, o poço sem fundo – o vão. Pode ainda caber na palma da mão Nos dias em que faz pouco sol, mas não muito. Muita luz atrapalha o Poeta e impede-o de sonhar. O amor quase perfeito emburrece. E a madrugada e a lua do Poeta Fazem par nesta dança louca onde dançamos sozinhas… E nem mesmo queremos par. Não… Não é sempre tristeza não…! É uma necessidade, um desejo, um tesão Fogueira ardente que trepida sentimentos e palavras tantas E que nem sempre conseguimos ordená-las na linha do tempo. E não há um tempo… e não há nada. Há um monte de tudo. E é um inferno e sentimentos tantos E borbulham e flamejam ao mesmo tempo E desafiam o tempo e é ausência de tempo… Eis que trazemos todos os tempos nossos em um instante de tempo: O tempo da pena na mão… Tocha de fogo! Paralizados e nem sempre bem penteados Desalinhados e um monte de “nós” e cabemos muitas em nós. Por vezes, melhor fazermos uma trouxinha E guardarmos esse barulho todo nessa tal caixinha Sem armadura… E livres. E somos assexuadas diante dos sentimentos todos do mundo! Sãs e loucas! … E invocamos deuses e diabos de nós… Tantos “nós”! E tão doídamente femininas nos sentimentos do mundo nosso. Que ninguém escuta e faz barulho demais… Do mundo nosso de cada dia… E dói a caixinha dos versos e ela não quer armadura. Ela quer sonhos… E perder a hora e acreditar em todos eles! Ou desmanchar todos eles… E não acreditar mais em nada. Esqueci-me de dizer que a caixinha… é feita de papel marché. Karla Mello 13 de Setembro de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 13/09/2012
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