Vou contar um segredinho
Um segredo de um "anjinho"
E estarei eu a queimar
Se a inquisição vigorar
Nas brasas "santas" e malditas
Escritas nos pergaminhos
Horrores meus a clamar!
E desculpem, senhores todos
Se estou eu a "blasfemar"
Mas perto de mim anda um "anjo"
Dono dos versos "meus"
Pensam que escrevo, eu, sozinha?!
Haja "feijão com farinha"...
Como diz na minha terrinha!
Imagina se eu sozinha...!

Pois acordo no meio da noite
Acreditem meus senhores todos!
Com versos todos prontinhos
Versos do tal "anjinho"
Que me chega de mansinho
E traz tudo apontadinho
E sopra no meu ouvidinho.
E sou da "leva" humana pior
Do ser humano insano imundo
Pois quando Deus se fez homem
Não andava Ele com a "escória"
Do universo, vasto mundo?!

Pois anda ele comigo!
Este "anjinho" que é Poeta
Alguns o chamam de "dom"
Ele ri e não se importa!
É um nome bem curtinho
Penso que ele até gosta!

E não sigo religião que é ópio
Não quis assim a minha dor
E descobri que Deus reside
Nas atitudes de Amor.
Deixei de fazer perguntas
Perguntar sobre o amor é vão!
Amor tem que ser sentido!
Partilhado!
Subtraído!
Do egoísmo nosso de cada dia!
Do pão nosso de cada dia!
Da boca para dentro em oração
Partilhada como o pão
Tal foi ensinado ao cristão.
Deixei de olhar tanto para mim
E passei a olhar mais para o "par"
E passei a olhar o vazio vão
Da alma do homem - o meu vão
E sou escória e tenho colo
Dos anjos dos versos "meus"
Do Grande Filho de Deus!
E como lembra o Pessoa
Nos versos do Menino Jesus
Escritos por Alberto Caeiro
Dorme comigo um Menino
Que gosta de brincadeiras!
Que não tem cara de carranca
Que gargalhadas me arranca!
E justifica-me
E acalma-me
E ama-me
E perdoa-me

Esse meu coração errante
Esse meu coração que ama.

Karla Mello
16 de Junho de 2012