Penso em suicídio e escrevo
Todos pensamos um dia, creio eu.
Um instante de pensar em si mesmo apenas.
Ah! Egoísmo humano que toma-nos num lugar do tempo!
Juventude… Culpemos-na e respiremos melhor.
Mas não aliviará, pois que na curva do tempo,
A respiração voltará a faltar.
E faltará por toda a maturação da carne!
Por toda a maturação da alma!
E voltar-se a Deus é "beco" apertado.
Por que não aturar o bêbado…
Se andaste trôpega no depois?
Por que não sentir-se apenas um "vaso bonito"
Pausada no canto da tua casa?
Se, por vezes, te sentes o mesmo "vaso"
E nem mais tão "bonito" assim?
Por que não viveu-se aparências em nome de dois amores…
Se, por vezes, viveste aparências em nome de nenhum amor outro…
Apenas em nome do teu e nem era “próprio”?
O teu - Tu!
Escarro eu sobre o teu egoísmo!
Mundo dantes que apenas a ti cabia!
Mundo doravante que queres que caibam todos!
Reduziste-o e ficou apertado e hás que derrubar muros!
Chorar em sussurros e nada mais a fazer!
E tudo o mais a dizer…
Reconstruir em cada dia com o teu (des)compasso.
E ainda andas trôpega com ares de feliz.
Felicidade de pouso de borboletinha…
A soprar tuas feridas abertas e sempre abertas!
Em teu coração hoje aberto!
Mas ainda tropeças no teu remorso
E possui ele uma cauda grande!
Como a das noivas cheias de sonhos.
Sonhos… Sonhaste tanto e esqueceste a hora de acordar!
Sonhas hoje em apenas por um único dia - Respirar melhor.
Ecoa uma vozinha de anjo. Escute-a… Ela diz:
"- Continua.  E arranca, ceifa e planta e apara as arestas tantas.
E continua."
Sinto-me tão cansada…
Arranco, ceifo, e planto.
E aparo as arestas tantas!
E escrevo. E oro.
Choro o pranto.
Rio (quase) louca.
E continuo.

Karla Mello
Fevereiro de 2012