NADA PARA REPARTIR
Nada. Nada é muito pouco.
Nada também pode ser muito. Nada. O ápice do que já foi Tudo. Nada. Imperceptível. Indescritível. Inodoro. Incolor. Nada. Sê-lo pode ser bom. Passar despercebido no pequeno universo. Pousar amores e dores. Sem barulho. Nada faz sempre silêncio. Barulho… apenas para dentro do Nada. Ninguém ouve. Ninguém sabe do Nada. Nada existe mesmo para ninguém sabê-lo. Apenas a sê-lo. Com zêlo. Sem apêlo. Nenhum. Aceita-se e gosta-se de sê-lo. Há um despretencioso prazer no Nada. Nada é vácuo na existência. Nada é crescimento e silêncio. Olhando para dentro. Nada diz aos outros. Olhando para fora. Nada à mim diz qualquer coisa. Prefiro o meu Nada de dentro. Tudo. Muito Tudo. Nada. Continuo a existir. Tudo. Do lado de fora. Barulho e loucura. Não. Meu Tudo. Apenas para dentro. De mim. Gosto disto. Do silêncio do meu Nada. Silêncio apenas para o Tudo de fora. Ah… ninguém escuta o Nada. O meu. Risadinhas de criança e barulhinhos de natureza. Só meus. Abstraio-me. Não chama-me. Deixa-me aqui. Sou Nada. E estou. Karla Mello
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 07/08/2011
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