OUTONO... Não estás só
Olho pela janela do meu quarto.
As folhas caem lentamente com a brisa fria. É outono… Úmidas manhãs… tardes tristes… noites frias. Posso perceber na face das pessoas o cair do outono… Na ausência das cores… da alegria. Os vários tons de cinza e marrom preenchem agora as pessoas. Nas suas almas… nas suas vestes… nos seus gestos. Tenho a nítida sensação de que o outono nos rouba a alma. Preciso acreditar que o outono… Consiste em muito mais do que uma simplória estação. Em sua veste tão densa… traduz-me e faz-me pensar… Na grande decepção e lamento… do tempo, da vida… em sua tradução. Por todos os amores desfeitos… Por todos os adeus que foram dados… Por todas as esperas do que nunca veio… Das promessas nunca cumpridas… Do que se sonhou e abortou-se em sonho… E se faz outono. Começo a lembrar-me que há estações em nós… Assim como no tempo. E quando é outono em nós… é hora de desfazer-se. É hora de fechar ciclos… limpar-se a alma. Chego a sentir a dor do outono. Pobre outono… acompanhado pela marcha dos tristes. De vestes tristes… de cores tristes e rostos molhados. Compreendo-te, outono… Precisas mesmo mergulhares em ti mesmo. Não… não posso acompanhar-te… perdoa-me. Ainda é sempre primavera em mim… Mas prometo contemplar-te por todos os teus dias de passagem… da minha janela. Saudar-te com o meu aceno mais afetuoso… E comemorar contigo cada renovação tua. Vem, outono. Renova e renasce… Caminha em paz sob a minha janela. Karla Mello Setembro/2010
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 22/09/2010
Alterado em 05/10/2017 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |