Karla Mello

Amar pode ser poço... Amar nunca será vão.

.. Escreve a Florbela Espanca .. "Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou"
Textos

A Luz e a Minha Pedra-Coração
Pedra-Coração.
É uma espécie de pedra que eu descobri
Nos recônditos do mais profundo
Do meu ser.
E não há mais dura pedra
Em todo o universo que nos cerca
Do que a reluzente pedra do ego,
Que reveste as paredes nossas
E que baixam as temperaturas.
E ficamos surdos.
E sentia-me eu tão absoluta
E absorta com cuidadinhos tolos
Que não me levavam a um outro lugar
Que não fosse a mais profunda
Solidão.
Daquela... Sem ser de gente.
Com sorrisos superficiais – instantes
E onde a paz era pouso
De passarinho avexado.
E é tão devastadora
E engolidora de toda a beleza que há
Na coletividade do Amor.

Eu conheci O Amor
Que umedece-me a face e me põe ao chão:
Envergonho-me.
E transborda-me… Tão pequena eu sou.
E silencia-me. E "diminui-me".
E que, apesar de mim, acredita em mim:
Na possibilidade de eu existir melhor.
E o que eram dantes paredes minhas
Repletas de “mortos” e culpas
De vazios profundos e empoeirados,
Traiçoeiros...
Que faziam de conta preencherem-me – efêmeros...
Ficaram repletas da Sua Luz!

Este Amor que esculpe-me...
Anda a transformá-lo - o meu "eu" pedra
Em pedaços de pão...
Para que eu possa aprender a partilhá-los
Esquecida das tantas “fomes” minhas - egoístas e exageradas
E lembrar-me das “fomes” tantas do outro...
E que eu nem as "percebia" passarem por mim.

Ando sempre com um cinzel, um pote de água Vida!
… E um martelo. E ainda o crédito deste Amor por mim.
A quebrar-me e a reconstruir-me inteira,
Dia após dia - A Luz não me permite cansar.

E quero eu ser inteira!
Numa outra forma de solidão:
Aquela que leva-me ao encontro comigo mesma.
Aquela que leva-me aonde eu confio.
Aquela que leva-me à Verdade e à Paz riachinho
Na  reconstrução incessante de mim mesma.
E A Luz que nunca se apaga sobre mim...
Sobre todo o mundo.

A Luz do Mundo acolhe-me em seus braços
Nas incontáveis vezes … Onde eu caio e desacredito de mim.
Nas incontáveis vezes ... Onde eu canso-me de mim mesma.

Karla Mello
11 de Dezembro de 2015
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 11/12/2015
Alterado em 11/12/2015
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