Numa tarde outonada de mim
Pus uma roupa do passado. Sai.
Fui visitá-la e encontrei-a sentada em meu chão.
A remexer gavetas, a tentar arrumar quase nada.
Ela rasgou todas as cartas!
Deixou de acreditar. Cansou.
À princípio era primavera,
mas o Verão antecipou-se e o sol era escaldante.
Muita luz e realçou as cores incertas.
Tomou ela, então, um banho de lágrimas.
Descabelou-se inteira e olhou-me fixamente.
Eu senti-me estupefata e encontrava-me com a boca escancarada.
Nenhuma estrela e era noite de lua nova no céu de minha boca.
Ela sumiu. Para dentro de mim.
Ela... Deixou-me sem palavras.

Karla Mello
24 de Abril de 2015