Meu Come-dor Tem Alma de Passarinho
Vives a perguntar-me
Sobre o tanto do amor meu. Mas como poderia eu Responder-te a ti, então Senão com os meus dias contados Estancados e embotados E todos os tique-taques parados Cedidos todos à nós?! Silencia e espreita! A minha saudade emudecida Num sufocamento de mim mesma. Pois não seria eu uma Se não estancasse-me inteira Para que passássemos dois Com o nosso amor colorido Primaveril e verde esperança Agarrado às tranças do tempo Creditando que tudo finda Onde inicia o nosso horizonte. Como não amar-te-ia a ti Se já nem sei onde começaria eu Os meus (re)compassos pela vida?! Caminhei eu tanto mar Rosto ao vento, seca a tudo! E o sol que sempre ardeu. E o meu barquinho?! Traz no convés um furinho. E já chegamos à tardinha E o sol já começa a se pôr. Silencia-te e acalma-te. Aquieta-te aqui no colo meu Amor meu, deriva amada minha. É tarde demais pra voltar do caminho. Ademais, caminharíamos novamente, juntinhos. Eu sei... Eu sei! Temos os dois a alma do passarinho! É cedo demais e é sempre cedo Para assistirmos de mãos dadas, juntinhos, As ondas deste mar revolto. Bastava que o tempo "descomesse" Os tique-taques malvados! Ritmados! Encolhedores de sonhos! Para que nós... Os dois! Novamente e sempre! Agarrados às tranças do tempo À deriva e quase felizes! Creditássemos que tudo finda Onde inicia o nosso horizonte, No novo dia que nasce Todos os dias... Todos os dias. Tu és o conhecedor de todas as minhas verdades. Aonde eu planto flores e cuidas tu dos poucos canteiros. És o comede-dor do ensaio "finalizo eu" sentado à fila da frente. Um incapaz de "desfelizar" qualquer grão azul furta-cor à minha volta. Karla Mello 18 de Março de 2015 http://karlamellopoemas.blogspot.com
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 18/03/2015
Alterado em 18/03/2015 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |