Dos meus rojões...
mocinha sonhadora
era eu há algum tempo num tempo perdido em mim. e sempre gostei muito de atirar rojões ao céu na passagem de um ano à outro. e pensava eu que neles iriam todas as minhas lágrimas todos os meus erros que não podia eu mais consertar que tola eu... que lindamente tola eu. esquecia-me que sempre há um amanhã independente do ano acabar-se ou não e os nossos erros ah... estão sempre a espreitar-nos e querem alguma coisa de nós... não chamaria eu de reparação. o "trem da vida" é veloz... não espera a reparação. chamaria eu de consequência. é o mais apropriado termo para quem tem apenas o amor como religião. ainda solto rojões ao céu quando posso hoje, mentalizo apenas o amor como se estivesse eu na calda daquelas luzes todas a espalhar o meu estranho e equivocado amor e crença nas pessoas e no mundo. e crença em mim mesma... no que posso ainda transformar em mim. e, talvez, chegar pertinho das mãos da minha mãezinha... e ela, acariciar-me os cabelos como outrora. chegar pertinho do dedo de Deus, talvez... não um dedo que aponta-me à mim e julga-me. mas um dedo que toca a pontinha do meu nariz tal criança Sua que sou... e que me diz para eu continuar sempre... a espalhar, da melhor forma que possa eu o meu estranho e equivocado amor. é como eu sei amar... é a melhor forma do meu imperfeito amor. há anos, acrescentei mais um pensamento nos meus rojões que aponto ao céu... são bênçãos de mãe minhas aos meus dois filhinhos distantes. e que essas luzes coloridas todas! enfeitem as suas vidas da Graça de Deus. e que possam eles sentir... como é colorido o meu amor... e como queima... a minha saudade infinita. e o passar de um ano para o outro... apenas faz de mim uma querência de que o tempo... o tempo... tenha-me compaixão e leve-me de volta a eles todas as vezes que eu neles pensar. e estarei eu, então... junto a eles por todos os meus segundos de vida. haja que não há vida em mim... sem os meus dois passarinhos... eu... mãe e ninho vazio. e os meus rojões, hoje, não chamam-se mais sonhos... nem perdões que não dei e que não deram-me. hoje o nomeei-os de saudades... imperfeito amor meu. Karla Mello 27 de Dezembro de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 27/12/2012
Alterado em 27/12/2012 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |