Karla Mello

Amar pode ser poço... Amar nunca será vão.

.. Escreve a Florbela Espanca .. "Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou"
Textos

Das coisas que eu não sei...
Eu não acredito em “santos".
Esses, fabricados nas “igrejas” dos homens.
Pois se eu acreditasse… teria eu que santificar a minha mãe.
Teria que santificar todas as mães quando tudo, eu disse tudo, fazem por seus filhos.
E teria que santificar todos os bichos, sem excepção.
E o Chico Xavier e o Mater Luther King, o Mandela, a Teresa de Caucutá…
A linda Cora Coralina, o Fernando Pessoa, o Shindler, o Gandhi…

Teria que santificar-me também em alguns momentos onde a minha luz apagou-se…
E não feri a ninguém, senão à mim memsma.
E aos meus filhos… mas involuntariamente.
Sou muito auto-crítia: Eu não santificaria-me, pensando melhor.
Há umas outras tantas coisas.

Mas santificaria todos os pais desempregados e embriagados…
Desesperados por não terem o que levar aos seus tantos filhos.
Essa desordem social… essa falta de Educação… Valha-me Deus!
Santificaria eu o sol, que nasce para todos e todos os dias!
E assim, a lua e todas as estrelas!
A chuva que molha os campos, sem “dono” ou com – Igualmente.
Santificaria todos os bichinhos da natureza que tomam conta para nós…
Da nossa fauna e flora.
Nós não sabemos tomar conta disso… nem disso.
O fato é que andamos de mãos dadas com nossos “santos” e “demônios”.
Basta que observemos a dicotomia que há entre o nosso discurso e a nossa prática:
Uns, numa menor proporção… outros, numa maior.
Mas todos nós, coitados, presinhos à nossa pequenez humana.
Concorrendo no “quem leva mais fiéis” para a sua igreja”.

Eu não acredito em "santos".
Mas acredito na Maria, Mãe de Jesus… mulher forte e contida.
Um exemplo que ninguém consegue seguir.
Eu não consigo… porque teria eu que silenciar e largar umas tantas coisas que a minha condição de humana e imunda me impinge.
Não… eu não santificaria-me, de fato!
Essa coisa de “santo” é coisa de homem.
Eu não acredito no homem.
E tem dias que não acredito nem em mim mesma.
No que eu, por vezes, sou capaz de fazer e pensar.
Acredito em Deus e no "demônio".
Nesses, eu acredito.
Não há como acreditar num e desacreditar no outro.

Deus… eu sinto-o sempre. Basta que eu olhe à minha volta!
Ele continua residindo, humildemente, nas coisas mais simples,
Como num pouso de beija-flor, no olhar do meu cãozinho...
O "demônio"… reside na nossa dualidade humana.
Entre o “hoje vou ser bom” e o “isso eu não perdoo”.
E o perdão… não sei muito falar sobre ele.
Apenas sei que é um exercício cotidiano e dificílimo.
Escadaria que nos leva para pertinho de Deus.
Não… eu não santificaria-me.
Não... Eu não acredito em "santos".

Karla Mello
18 de Dezembro de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 17/12/2012
Alterado em 28/12/2012
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