ando eu suspensa
e tolamente feliz
no limbo
no avesso
dos versos
que fogem de mim.
contraditória sempre!
mas ando aceitando...
mas é quase tudo.
aproveitem...
mas não abusem.
pois não demora
e tão logo os reversos
de mim
retomam os versos
e afio a pena
e o fio da navalha
da vida,
dos pensamentos m'Eus,
da insanidade minha...
e abraçar-me-á
a insônia que grita
e sái doída de mim
ou gargalhando de mim
ou dos amores de mim.
e retorno, então
à ausência de lucidez minha
cotidianazinha...
aos braços mornos
dos versos quase meus.

Karla Mello
14 de Outubro de 2012