Sombras e cinema mudo
Sempre que vou eu ao circo
Daqueles... que andam por aí! À antiga... nada muito moderno! Gosto eu sempre de olhar as sombras Que bailam à mim na lona do circo. As sombras... dos tra pe zis tas. Não gosto eu de olhar os trapezistas. Às suas sombras posso eu dar formas minhas! Só minhas... A eles, não. Gosto das sombras e do cheiro da pipoca. E sinto-me absorta junto às sombras Que bailam apenas à mim. E fico eu surda também. E sou apenas eu, o cheiro da pipoca e as sombras: Um cinema mudo. Gosto eu muito do cinema mudo. Aprecio eu também estar muda. Mas nem sempre consigo se indigno-me com algo... Ou comigo mesma. O cinema mudo... e as sombras... e a lona do circo. Deixam-me surda... de contemplação. E muda. A perfeição do que sinto dispensa palavras tolas minhas. Seria uma irreparável falta de respeito: Falar... Ouvir... Imagina. E sou eu a trapezista das sombras minhas. Da lona do circo meu... enfeitado! Que armo eu e desarmo eu quando me "dá na telha". E sou eu a lágrima do palhaço E ainda o palhaço do circo meu. E a maquiagem que derrete-se nas faces várias. E quero eu ficar muda... e prefiro até. E preciso eu apenas sentir... As sombras todas e o cheiro da pipoca. E do meu circo?! Gargalhar eu! Ou apenas sentar-me... retocar-me. E engolir eu o choro Com um trago de qualquer coisa... E manter a maquiagem: O espetáculo tem que continuar. Karla Mello 17 de Setembro de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 17/09/2012
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