tola pescadora de estrelas
estava eu
a olhar o rostinho teu tão meu, tão meu e fico daqui - eu a odiar o espaço e o tempo que transforma o rostinho - teu e não consigo eu acompanhar e esforço-me tanto, tanto... a procurar onde "larguei" eu a menininha minha... rostinho de espinhas e risadinhas tolas passinhos de dança com a vassoura gargalhadas nossas e molecagens e pergunto eu a Deus o que quer de mim Ele... uma espécie de sina - a minha sair de cena... assim... e pular fases tuas - sempre e o que quer dizer-me Ele... o que queres dizer-me, Senhor? e as lembranças minhas brincam de mãos dadas com cantigas de rodas e vestidinhos de bicos e sempre tão educadinha frágil - tu e sempre a espreitar-me entre um batom e um brinco novo todos teus, das "trelinhas" tuas! e pego-me a chorar sem querer... e penso que é tudo "sem querer"... são coisas mesmo minhas. e Deus deve afagar-me e explicar-me das tantas ruas que andei eu das tantas vidas que vivi eu das tantas escolhas que fiz eu a procurar a paz, a paz... mas sempre esteve ela onde nunca a encontrei eu dentro de mim, dentro de mim. e não a encontrarei nunca pois que é coisa de "desajuizo" - meu essa inquietação tola - minha e que não entendo eu. e amanheço assim, tal hoje... sem querer saber de mim. e amanheço uma outra: a que julga-me! a que cospe-me! a que diz-me, todos os dias... "és tola! és sempre muito tola! guarda a rede tua a de pescar estrelas! e pára com essa estúpida mania tua... de correr atrás das borboletas!" ergo-me, então… sempre. e silencio... sempre. e choro. e vou à um outro "esconderijo" - só meu neste... a outra lá não chega. vou descalça! e corro eu quase feliz... aos meus contos de fadas. Karla Mello 29 de Agosto de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 28/08/2012
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |