Amor Sem Mim
Questiono-te
Rasgo o verbo e as vestes minhas Despenteio minhas idéias todas Sobre ti. E choras tu comigo... Eu sei que sim. E eu arrependo-me tanto e tanto... E, na certeza do teu Amor sem fim, Descanso no teu Amor... Porque tu me criaste assim. O que queres, então, tu de mim?! Eu, teu ser medonho e arredio Das trevas donde foste buscar-me à luz Filha cansada e ingrata Desgraçada e cega da tua tamanha graça E Amas a todos os que gritam Com fome e sede, o teu santo nome! E os doentes da alma... Todos os loucos! … Soltos no mundo – prantos - e não são poucos! Lamacentos porcos e eu! Mas como assim?! E o que fizeram de mim?! E o que eu fiz de mim?! E o que eu fiz, nos outros, de ti?! Mastigo tudo com o pensamento Cheio de dentes e língua ferina E faço de conta que esqueço. Não engulo... Tento ficar menina Com olhar perdido no tempo Mas engasgo com a água do choro. E vomito tudo o que é morno. Agonizo com a companhia do lado. Talvez seja até mais sincero: Diz com a boca o que o meu silêncio não diz. E eu tão cega e também só vejo à mim E eu queria mesmo era retornar à tua casa E no teu abraço, poder dormir. Dá-me lucidez sobre a pequenez de mim! Sou tua e centelha da tua luz Que tu acendes com o teu Amor e iluminas E cicatriza... Toda a dor é finda. E afagas em meu peito a certeza De que apenas tu não desistes de mim. E se eu tenho o teu Amor para mim... Do que posso sentir falta, enfim?! Ensina-me, pai... Ensina-me... Como se Ama sem se merecer Assim... Como tu me Amas à mim. Dá-me deste Amor lúcido e febril Dá-me deste Amor pueril Água da vida, pura de beber Antes de eu enlouquecer... Para que eu nunca mais sinta sede Dos beijos e abraços ternos Desses que não se quer nada em troca E que nada se faz por merecer. E que eu nunca, sequer, pude conhecer. ... Desses que tu me dás desde sempre Mesmo que eu não sinta consciente. O meu Amor, meu senhor, Tu sabes... Será sempre imperfeito e mesquinho, deficiente. Questiono-me. | Perdoa-me, pai... | Silencio o verbo e miro as vestes e a cruz. Envergonho-me e enojo-me de mim. E recomeças a arrumar as minhas idéias todas Sobre mim. Tu enxergaste algo em mim. E o teu Amor ergue-me e me conduz, Jesus. És o meu Amor puro... Singelo. És o meu Pai e minha Mãe e tudo o que é vazio. És o meu Amor ideal... Nunca tardio. És o meu Amor sem mim. És o meu amor sem fim. Karla Mello 08 de Abril de 2017
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 08/04/2017
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