(a)cerca de mim...
Eu já fui campo verdinho e flores alegres
ao relento do pouso leve da luz do sol. Havia também à minha volta uma cerca pintadinha de branco. Eu gostava dela, segura e fincada em meu chão. Indescritível a sensação de ser campo com cerca branquinha. Mas tu não gostas de cercas! Elas anunciam-me proteção e cuidados! Não a cerca da psique humana. Esta a tua! Esta que sufoca-nos e usurpa-nos quase tudo! E nem sabemos quem quase somos ou não! (Faço uma pausa longa............) Falo aqui da cerca de cuidadinhos mansos e ternos... E estive a lembrar-me do limpo céu azul tom de sonho. Arremeteu-me ao céu da boca minha – muda. Hoje é “imunda”! Mas lembra-te que bocas "imundas" também dizem palavras de amor. Não esqueças... Não esqueças... E isso é tão relativo. As bocas “mudas” falam também de falsos amores. E prenunciam solidão e não falo aqui da opção! Gosto mesmo das cercas pintadinhas de branco... E do céu limpo e da boca minha “imunda” e tudo junto. E não estou muda! Nunca mais! E "não estar" tem um gosto colorido harmonioso... A embalar amores e risadinhas boas. Não… Eu não tenho cerca. Nenhuma. Tenho terra batida e fértil e sem porteiras. Sem dono sempre e agora sem flores. O céu nem sempre é azul. Nem sempre faz sol nem sonhos. Flores, apenas no sorriso… E nos cabelos. A boca?!… “Imunda” toda a boca! E nem sempre quero eu falar de amores. E nem sempre falo eu sobre você. Mas eu mastigo e regurgito o campo verdinho E as flores alegres todas de outrora. E engulo! As minhas verdades todas. Karla Mello Dezembro/2011
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 13/12/2011
Alterado em 28/03/2015 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |