EXISTIR... POSSO?
No dia em que nascemos…
Pequeno corpo nu… frágil. Respiramos, enfim, o ar – choro. Sentimos, pela primeira vez… a brisa fria acariciando-nos. O Primeiro aroma do Amor – mãe – ou dor. O preimeiro sabor de vida… do que nos amamenta. A primeira ausência… do aconchego da prima casa – útero morno. Os raios de sol que nos trazem aconchego… e nos saúda por nossa chegada. A textura dos tecidos do algodão… independente do nosso berço. As notas musicais… entoadas pelas vozes a nossa volta. As cores… embora as primárias sejam-nos as mais presentes… Para os nossos olhinhos que quase nada enxergam. Mesmo já enchergando demasiado com o coração. A primeira dor física… de barriga, de ouvido… de existência. A dor da alma… talvez a dor do pressentimento. A sensação maravilhosa do primeiro beijo terno… verdadeiro. O primeiro amor… o único incondicional – pelo menos o deveria ser – mãe. É permitido?... Posso, sr. Mundo, ser amado incondicionalmente por minha mãe? Silêncio… As árvores que dançam a nossa volta… o canto dos pássaros. Escutar… escutar… maravilho. Nem sempre “melodiasa gradáveis” aos nossos pequeninos ouvidos. Nem sempre as palavras que precisávamos ouvir – desespero. Sentimos a nossa presença no mundo – Existimos. E iniciamos o processo de mortandade também neste dia. Nascer… morrer… a cada dia, um pouco. Somar-se ao mundo e subtrair-se sempre. Sempre. Karla Mello Novembro/2010
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 12/11/2010
Alterado em 12/11/2010 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |