Karla Mello

Amar pode ser poço... Amar nunca será vão.

.. Escreve a Florbela Espanca .. "Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou"
Textos

EXISTIR... POSSO?
No dia em que nascemos…
Pequeno corpo nu… frágil.
Respiramos, enfim, o ar – choro.
Sentimos, pela primeira vez… a brisa fria acariciando-nos.
O Primeiro aroma do Amor – mãe – ou dor.
O preimeiro sabor de vida… do que nos amamenta.
A primeira ausência… do aconchego da prima casa – útero morno.
Os raios de sol que nos trazem aconchego… e nos saúda por nossa chegada.
A textura dos tecidos do algodão… independente do nosso berço.
As notas musicais… entoadas pelas vozes a nossa volta.
As cores… embora as primárias sejam-nos as mais presentes…
Para os nossos olhinhos que quase nada enxergam.
Mesmo já enchergando demasiado com o coração.
A primeira dor física… de barriga, de ouvido… de existência.
A dor da alma… talvez a dor do pressentimento.
A sensação maravilhosa do primeiro beijo terno… verdadeiro.
O primeiro amor… o único incondicional – pelo menos o deveria ser – mãe.
É permitido?...
Posso, sr. Mundo, ser amado incondicionalmente por minha mãe?
Silêncio…
As árvores que dançam a nossa volta… o canto dos pássaros.
Escutar… escutar… maravilho.
Nem sempre “melodiasa gradáveis” aos nossos pequeninos ouvidos.
Nem sempre as palavras que precisávamos ouvir – desespero.
Sentimos a nossa presença no mundo – Existimos.
E iniciamos o processo de mortandade também neste dia.
Nascer… morrer… a cada dia, um pouco.
Somar-se ao mundo e subtrair-se sempre.
Sempre.

Karla Mello
Novembro/2010






Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 12/11/2010
Alterado em 12/11/2010
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